segunda-feira, janeiro 01, 2007

paz

Tudo vai bem.

Encosto na poltrona, apóio a cabeça, olho o teto, adormeço. Esqueço Saddam Hussein, a estagnação econômica e o aquecimento global por um instante. Concentro-me em meus pequenos dramas, minhas minúsculas tragédias que não reduzirão a assombrosa desigualdade de renda que existe nesse país, meu Deus! Penso apenas em meus erros e nas pessoas que deixei pra trás.

Apesar de muitas bolas fora, tudo vai bem.

Ainda te amo. Podemos ter gritado muito um com o outro nos últimos dias, e você ter saído de casa xingando minha masculinidade, mas te amo muito. Sei de cada coisa que você guarda na gaveta. Consigo diferenciar sua satisfação de seu sarcasmo. Te leio como a um poema de Octavio Paz, e sei que você também me ama ainda.

Apesar de sua partida e de todos os equívocos bestas do mundo, tudo vai bem.

Tento pensar que a vida é maior do que você, e isso provavelmente é verdade. Sou, porém, muito comodista: detesto mudanças. Se te amo e te quero a meu lado, é porque já te conheço e já nos transmutamos em peças que se encaixam quase perfeitamente. Não quero trabalho, preocupações. Quero a certeza.

Apesar de tudo, tudo vai bem.