... tudo o que eu queria agora era estar com você, curtindo sua pele morena numa ansiedade louca, sentindo seu hálito e a curvatura do seu pescoço, com você descobrindo em mim ossos que nem eu sabia que existiam. Queria que esse ponto final nunca durasse, que a frase se prolongasse como agora prolongo a frase, que sua boca macia e ligeira destruísse minha boca, que eu a bebesse, que você me consumisse, eu queria ver que por um segundo você me provou e descobriu do que éramos feitos. Arrancamos as roupas de um e do outro porque achamos que botões e zíperes eram distrações dispensáveis para nossa sanha.
Suas unhas afundaram em mim e temi que você quisesse me perfurar e habitar em minha pele.
Admirei seu corpo negro por tanto tempo que alguém diria que não havia uma revolução lá fora.
Você me comeu a alma antes que eu pudesse te dar um beijo e se nós fizemos com tanta força foi porque eu queria minha alma de volta.
Te vasculhei inteira, sem nada encontrar. Cadê minha alma? E pare de revirar os olhos.
Gotas salgadas despencam do alto de rochedos e chegam ao teu ventre, que arqueja, projeta e contrai.
Manchas de consciência pulsam em minhas têmporas latejantes. Rasgos de realidade interpõem-se entre nós.
Foi o momento mais lindo.
*
Acordo. A manhã mais fria. Junto os cacos e, tristemente, parto. Olho você, dormindo indiferente. Olho você, que ainda tem tantas canções pra cantar.
Saio à rua e sento na esquina, esperando alguém. É domingo. Vai passar.
Suas unhas afundaram em mim e temi que você quisesse me perfurar e habitar em minha pele.
Admirei seu corpo negro por tanto tempo que alguém diria que não havia uma revolução lá fora.
Você me comeu a alma antes que eu pudesse te dar um beijo e se nós fizemos com tanta força foi porque eu queria minha alma de volta.
Te vasculhei inteira, sem nada encontrar. Cadê minha alma? E pare de revirar os olhos.
Gotas salgadas despencam do alto de rochedos e chegam ao teu ventre, que arqueja, projeta e contrai.
Manchas de consciência pulsam em minhas têmporas latejantes. Rasgos de realidade interpõem-se entre nós.
Foi o momento mais lindo.
*
Acordo. A manhã mais fria. Junto os cacos e, tristemente, parto. Olho você, dormindo indiferente. Olho você, que ainda tem tantas canções pra cantar.
Saio à rua e sento na esquina, esperando alguém. É domingo. Vai passar.