quarta-feira, dezembro 06, 2006

maldito rio

Estou eu tranquilamente em casa lendo o JB quando chega meu filho da escola esbaforido e eu pergunto se ele correu o caminho todo, ele responde que sim, manhê, e eu reclamo que não pode, que não dá pra ficar correndo no meio dos carros, o trânsito do Rio está uma loucura e alguém podia ter batido em você, promete que vai esperar o ônibus ou voltar andando, ele concorda com a cabeça, tomando fôlego e diz que estava correndo porque tinha pego algo no terreno baldio em frente à escola e ficou com medo que alguém tivesse visto ele pegar, eu começo a ficar preocupada porque um dia ele queria pegar uma camisinha que estava largada na calçada e eu dei um tapa na mão dele, é a idade perigosa em que eles estão mais curiosos, minha mãe me disse, deus me livre que ele tenha trazido uma camisinha usada pra dentro de casa, ou pior, um cigarro de maconha que pegou no chão, então eu tento me acalmar e digo com jeitinho que não pode ficar pegando as coisas do chão porque é sujo e barata passa por cima, ele responder que não estava sujo e que parece um brinquedo e pede pra ficar com ele, eu me preparo pra bomba e peço pra ele me mostrar, ele abre a mochila, remexe lá dentro e tira algo oval, cinza, diz que é pesado e pergunta de novo se pode ficar com ele, parece uma pinha de metal com uma argola em cima, ele testa o peso com a mão e balança a pinha pra lá e pra cá, eu fico paralisada e ele fica me pedindo manhoso pra ficar com o negócio, tenho vontade de saltar do sofá e gritar o mais alto que posso, mas me controlo e gaguejo que não, que é perigoso mas se ele me desse eu compraria um playstation e todos os cartuchos que você quiser, ele pára por um instante, os olhos brilhando e pergunta se estou falando sério, eu digo que sim e que é só botar o brinquedo devagar na mão da mamãe, meu filho, eu compro sim, ele hesita um momento e pousa a pinha na minha mão e vai para o quarto pulando de alegria. É só aí que respiro fundo e solto um grito de estremecer as vidraças.

Maldito Rio.

Um comentário:

Mari disse...

E no fim, o famoso bandido da luz vermelha é você!! Adorei a visita ao meu pequeno blog e respondo pra vc que o problema não é não ter mistério e sim, se enrolar com ele. A gente corre o risco de virar mal-resolvida com todo essa história de mulheres misteriosas e aí, não há quem nos suporte.

E quanto ao seu texto: Cuidado com o que você fala da minha cidade!Apesar disso gostei! Vou voltar e ler todo o resto.

Saudades de você, rapaz.
Beijos